
TuDo pARa NinTenDo DS
Pokémon Ranger
A série Pokémon tem mais spin-offs que um relatório de vendas medíocre a fazer-se passar por excelente. Este poder de adaptação a múltiplos conceitos tem trazido amargos de boca aos fãs, mas também algumas honrosas excepções. Pokémon Ranger situa-se neste último lote, usando o ecrã táctil da DS para dar uma dimensão menos ortodoxa àquilo que todos estamos habituados.
Estamos de volta à escola dos Rangers, que ao contrário dos Trainers não vivem para combater, mas sim para ajudar a manter a harmonia entre os humanos e os pokémons. A face do mal está desenhada na cara da Team Dim Sun, que pretende usar pokémons como armas. É a típica luta do bem contra o mal. Não vai ganhar nenhum prémio mas cumpre o propósito de nos entregar algum sentimento de missão ao longo das cerca de 30 horas da campanha.
O sistema de captura de pokémons de Shadows of Almia está desenhado de forma superior ao que vimos no primeiro Pokémon Ranger. Ao contrário de nos forçar a desenhar uma série consecutiva de círculos em torno do pokémon, desta feita teremos de conseguir preencher uma barra que se enche a cada círculo executado com sucesso. Contudo, há que ter em conta o factor tempo, pois, variando de criatura em criatura, a barra rapidamente se esvazia se tomarem demasiado tempo entre círculos. Acrescentando este pormenor aos ataques e habilidades, forma-se uma camada estratégica interessante, capaz de nos desprender da simplicidade e cariz repetitivo do sistema em si.
Cada pokémon que se torne nosso aliado pode contribuir com habilidades únicas, que facilitam as capturas ou ajudam a nossa progressão nos cenários. Muitas áreas encontram-se bloqueadas por objectos que requerem certas acções num nível específico, contribuindo para a nossa busca incessante por novos pokémons, dentro do espírito tradicional destas aventuras. A juntar às nossas missões como Ranger, podemos acatar demandas dos aldeões, que nos levam a encontrar pokémons especiais e que contribuem para a nossa experiência, tornando-nos Rangers mais poderosos.
Apesar da maioria das capturas demorar breves segundos - o que também ajuda a evitar alguma monotonia – os bosses estão presentes para desafiar toda a extensão dos nossos conhecimentos. Rapidamente vão aperceber-se que existe uma imensidão de estratégias e que os métodos de captura têm forçosamente de variar de pokémon para pokémon. Shadows of Almia consegue assim reter alguma da originalidade do primeiro Pokémon Ranger, ao passo que traz arriba uma mecânica de jogo mais interessante.
A apresentação, por seu lado, não traz nada de novo. Almia mostra-se num grafismo a duas dimensões mas com bastante detalhe. Existe muita variedade no que toca aos fundos que iremos visitar, desde planícies nevadas ao deserto, passando pelas florestas, subterrâneos e terrenos magmáticos. Cumpre com os requisitos mas fica aquém dos melhores da DS, esparramando-se num capítulo áudio que o torna mais semelhante a um título da GBA. E de novo o apontamento negativo no que toca à localização. Uma série reconhecida no seio juvenil e infantil em Portugal, que continua sem a respectiva adaptação ao nosso mercado, criando barreiras entre os videojogos e os amantes da série animada e do jogo de cartas coleccionáveis.
Se gostaram do primeiro Ranger, Shadows of Almia é uma aposta garantida. Não deixa de ser algo desapontante que no interregno pouco ou nada tenha sido feito pela apresentação, especialmente na vertente da sonoplastia. No entanto, o novo método de captura ajuda a revigorar a aventura e torna tudo um pouco mais fluido.